TRANSFUSÃO SANGUÍNEA : CASO DA NIKA

13-03-2011 18:36

         A transfusão de sangue e hemoderivados tem várias indicações e tem como função principal aumentar a distribuição de oxigénio aos tecidos, optimização da hemostase e a manutenção do volume circulante e pressão arterial em pacientes hipovolémicos.

        As transfusões são uma maneira simples de transplante e, portanto, não são isentas de complicações. No entanto, em muitos casos, a Hemoterapia pode ser a diferença entre a vida e morte, pelo que não deve ser nunca limitada pelos riscos potenciais.

        Não existe um valor de hematócrito (percentagem ocupada pelos glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total de sangue) com limites fixos para cada paciente e deve considerar-se a transfusão sempre que a diminuição do hematócrito provoque sinais consideráveis de hipoxia tecidular:

                   - Taquicardia – aumento da frequência cardíaca

                   - Taquipneia – aumento da frequência respiratória

                   - Depressão mental, estupor, síncope

         Na clínica diária, é frequente a utilização de transfusões em pacientes traumatizados ou com patologias hematológicas como as hemoparasitoses (“febre da carraça”) que provocam anemias graves.

        Em seguida apresentamos um caso clínico da NIKA, uma cadelinha Yorkshire com dois anos de idade que se apresentou à consulta com historial de vómitos com presença de sangue e convulsões. A Nika tinha as vacinas e as desparasitações em dia embora a dona tenha referido que tinha tido muitas carraças e que já tinha sido tratada com ectoparasitário.

        Ao exame clínico, a Nika apresentava sinais neurológicos, como nistagmus, incoordenação motora e estrabismo, prostação, temperatura abaixo do normal e desidratação ligeira.

        Procedeu-se ao internamento com administração de soro e tratamento para os sinais clínicos exibidos bem como colheita de sangue para análises clínicas (hemograma, esfregaço sanguíneo, pesquisa de Leishmaniose, Dirofilariose, Borreliose, Ehrlichiose e Anaplasmose).  

        Como resultados, obtivemos positividade à Ehrichia canis no teste rápido e por visualização directa do parasita no esfregaço sanguíneo e uma anemia grave com diminuição das plaquetas sanguíneas, constituindo um quadro de prognóstico grave sendo indicação para a realização de transfusão sanguínea.

        O passo seguinte foi a realização de testes de compatibilidade sanguínea (reacção de major e minor crossmatching e reacção controlo) que asseguram a execução da transfusão sanguínea com menores riscos de reacções adversas.

        Procedeu-se, então à colheita de sangue do dador, acto este absolutamente inócuo e indolor, sendo depois o sangue administrado à Nika.

        A administração do sangue deve ser feita de forma lenta e durante todo o tempo de administração, a Nika permaneceu sob vigilância atenta, com monitorização cardíaca e respiratória, controlo de temperatura corporal e administração de oxigénio.

        A Nika reagiu muito bem à transfusão sanguínea começando a comer no dia seguinte e tendo alta dois dias após a transfusão.

        Nem sempre todas as transfusões acabam em histórias de sucesso mas há que ter em conta que a transfusão sanguínea é um acto médico necessário para resolução de situações críticas sendo, por vezes, a única maneira de se salvar o paciente.

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