A vinda de um animal de estimação para nossa casa, seja ele um gatinho ou um cachorrinho deve ser planeada com todo o cuidado e com antecedência, para assim evitar problemas no futuro para animais e proprietários.
- Comedouro e bebedouro não devem ser colocados em cantos das divisões, para que os animais não se sintam encurralados enquanto se alimentam, podendo adoptar comportamentos defensivos para tentar proteger a comida (episódios comuns de agressividade em cães); - Comedouro colocado de preferência numa divisão diferente da usada como local de refeições dos proprietários caso dos cães e em locais altos, como prateleiras ou balcões, no caso dos gatos; - Locais de descanso com materiais confortáveis em zonas diferentes dos locais utilizados para a alimentação e a higiene e que não sejam pontos de passagem ou pontos com barulhos (exemplos típicos são a colocação da cama junto de portas de saída para varandas ou a cama em cima da máquina de lavar a roupa); - O principal local de descanso deverá ser utilizado nas primeiras semanas como um “parque infantil”, isto é, o animal deverá lá ser deixado sozinho por períodos de tempo crescentes e nas alturas em que os donos não estão em casa, com brinquedos interactivos e extras alimentares em pequena quantidade (biscoitos ou alimento húmido), para que se habitue à ideia da separação dos elementos da família e estes momentos sejam associados a coisas boas (reforço positivo); - Se o gatinho ou o cachorrinho “chorarem” enquanto estiverem no parque, não ceda à tentação de constantemente o ir espreitar, pois o animal rapidamente vai aprender que obteve sucesso na sua chamada e passa a usar esta forma para chamar a atenção, aumentando a frequência e intensidade com que o faz em situações futuras; - Enquanto for muito pequeno ou apresentar muitas chamadas de atenção, poderá deixá-lo no parque com uma botija de água morna e um boneco grande de peluche, que simbolizam respectivamente o calor e a presença corporal da mãe e da ninhada; - O local de descanso chamado de “ninho” deverá ter esse mesmo conceito e não o de lugar de castigo, ou seja, o cachorro ou o gato nunca devem ser mandados para lá após uma repreensão e como punição, dado que este será assim associado a algo negativo e poderá deixar de ser procurado; - Os objectos de maneio e higiene e actos associados, como a limpeza de orelhas, corte de unhas, escovagem do pêlo, etc. devem ser utilizados no animal mesmo que não haja necessidade de o fazer nas primeiras semanas, mas isto permitirá a habituação à manipulação por parte do dono (dentro do mesmo contexto a manipulação da boca para administração de medicação deverá também praticada); Todas estas indicações devem ser realizadas de forma mais rigorosa possível desde o início da introdução do animal em casa e mantidas ao longo do seu crescimento. Criar condições especiais para o seu animal de estimação aquando da sua chegada a casa “porque ele é pequenino” e depois modificar as coisas, por vezes de maneira radical, à medida que este vai crescendo pode levar a problemas comportamentais. No cachorro a mudança das regras de jogo faz com que estes sejam mais desobedientes, o treino de higiene seja mais demorado e as “asneiras” sejam mais frequentes, isto porque o cão não entende porque é que antes podia estar/fazer/ter as coisas de uma forma e de repente tudo muda. No gato, independentemente da sua idade, todas as mudanças no ambiente representam grandes factores de stress, que podem desencadear ansiedade e frustração.
Dra. Cláudia Cortes |